Emergência abutres na Guiné-Bissau

O governador da região de Bafatá convocou, logo que teve conhecimento no dia 22 de fevereiro de 2020 do fenómeno da morte em massa de abutres, na sua grande maioria, da espécie (Necrosyrtes monachus), as autoridades regionais para a criação de uma Célula de Crise para tratar do fenómeno considerado de interesse público.

De imediato devido à emergência da situação, as autoridades envolvidas delinearam estratégias de seguimento, monitorização e recolha de carcaças dos animais mortos. Estas operações foram incumbidas a uma equipa de trabalho na qual participam elementos da administração local, técnicos da saúde pública, técnicos dos serviços veterinários, 10 elementos da Guarda Nacional, 10 elementos das forças armadas, e 10 elementos da Polícia da Ordem Pública. O Célula da Crise trabalha sob aa coordenação do Governador da região de Bafatá.

Salienta-se ainda que as autoridades regionais reportaram a situação ao governo central, em particular ao Ministério da Saúde Pública, Ministério da Agricultura e Floresta, Ministério da Administração Territorial e Administração Eleitoral e à Secretaria de Estado do Ambiente e Biodiversidade, que por sua vez criou em Bissau o Núcleo de Crise forte para ajudar no seguimento do fenómeno.

As autoridades regionais em concertação com as nacionais entabularam diligências no sentido de mandar recolher amostras para exames nos laboratórios especializados em Gana. As amostras foram coletas e se encontram depositadas em Bissau a espera que sejam preenchidos os protocolos de segurança relativos à embalagem e transporte do material desta natureza para outro país.

Nesta índole que a Organização para a Defesa e Desenvolvimento das Zonas Húmidas na Guiné Bissau (ODZH), uma ONG que trabalha na conservação e valorização económica (desenvolvimento) das zonas húmidas e avifauna decidiu realizar uma missão de contacto junto das autoridades administrativas locais e das organizações da sociedade civil sedeada em Bafatá para se inteirar in situ do evoluir da situação, a fim de contribuir na procura de possíveis soluções a referido problema. Na sua missão à Bafatá, a ODZH teve a oportunidade de se reunir com o Sr. Governador no seu papel de coordenador da Célula de Crise de Abutres, com os funcionários dos serviços veterinários da região, com os da Delegacia de Saúde Pública regional, com os elementos das forças da defesa e segurança e com os responsáveis das ONGs sedeadas em Bafatá.

Apesar de muitas dificuldades materiais com as quais a Célula de Crise se confronta, continua a evidenciar esforços no sentido de cumprir com a sua missão. E, para além do número considerável de abutres, segundo dados recolhidos só para região de Bafatá, 533 carcaças foram encontradas pelas equipas de terreno até 27 de fevereiro. Ainda constatou-se a morte de outros animais, inclusive domésticos (cães e porcos).

Os encontros realizados em Bafatá possibilitaram a criação da Rede das Organizações Não-Governamentais, que vai trabalhar em sinergia com o Núcleo da Crise local coordenado pelo Governador da região de Bafatá. A ODZH em colaboração com a rede e os parceiros se propõe apresentar um Plano de Ação da Crise à BirdLife International.

Crédito de foto : Ben Jobson

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